A história está repleta de situações em que o poder público entrou em colapso – em casos de guerras ou revoluções, desastres naturais ou até mesmo greves – e as pessoas mostraram seu pior lado. Os saques, depredações e mortes ocorridos em New Orleans (Estados Unidos), depois da passagem do furacão Katrina, e a violência que recentemente aterrorizou o Estado do Espírito Santo, por causa da greve da polícia, são exemplos bem vivos disso.
O caráter de uma pessoa é justamente a forma como ela se comporta quando “ninguém está vigiando”, quando deixa de haver controle externo. E a Bíblia ensina que, quando deixadas por conta própria, as pessoas costumam fazer escolhas erradas, isto é seu caráter tende para o pecado.
E é por isso que os governos são necessários – a Bíblia diz governo sobre o povo veio do próprio Deus (Romanos capítulo 13, versículos 1 a 7).
Não estou afirmando que todos(as) que governam são pessoas de Deus, pois é claro que a história está cheia de exemplos de ditadores violentos e políticos corruptos – a operação Lava Jato provou isso com clareza no caso do Brasil. Também não estou afirmando que todas as regras (leis) são corretas e justas e menos ainda que o judiciário sempre age da forma correta. Claro que não.
Agora, a sociedade humana seria ainda pior se os governos não existissem. Apesar de todos os problemas, se está ruim com o governo, fica ainda pior sem ele – o que aconteceu recentemente no Espírito Santo deixou isso bem evidente.
Mas os governos, mesmo quando poderosos e bons nunca chegam a tempo e a hora para controlar tudo e resolver todos os problemas. Aí entra o caráter das pessoas – a forma como elas se comportam quando não estão sendo controladas. E pessoas com bom caráter se comportam bem e as demais não.
O cristianismo é uma religião importante justamente porque busca mudar o caráter das pessoas, incentivando-as a serem mais parecidas com Jesus Cristo, cujo caráter era perfeito. Os mandamentos que Ele deixou, na sua imensa maioria, procuram justamente promover esse tipo de mudança – no jargão teológico esse processo é chamado de santificação.
Para ver como isso funciona, vou usar como exemplo um dos principais mandamento dados por Jesus para “amar o próximo como a si mesmo“. Trata-se de mudança de caráter porque amor, nesse mandamento, não é um sentimento e sim uma decisão de passar a tratar o próximo como se esse tipo de amor existisse.
Talvez isso fique mais fácil de entender quando se apresenta o mesmo mandamento de outra forma, a chamada Regra de Ouro: “faça com a outra pessoa da mesma forma que você gostaria que ela fizesse com você” (veja mais).
Isso significa sempre se preocupar com as consequências dos próprios atos sobre o próximo. Assim, se você não quer ser enganado(a), não vai enganar. Se não quer sofrer violência, não será violento(a). Se espera ser tratado(a) com justiça, será justo(a). Se espera receber ajuda, deve ajudar. Se quer ser amado(a), deve amar. E assim por diante.
É evidente que se todo mundo tivesse seu caráter santificado e agissem assim, ninguém precisaria ser controlado, os governos não seriam mais necessários e o mundo seria um lugar muito melhor para viver.
A Bíblia está cheia de exemplos de pessoas que conseguiram santificar o próprio caráter, como Pedro, Paulo, Zaqueu e tantos outros(as). Logo, é possível fazer isso. As regras necessárias para conseguir promover essa mudança – como amar o próximo como a si mesmo e a Deus sobre todas as coisas – também são conhecidas.
O que quase sempre falta é a vontade de mudar. O compromisso de deixar de lado velhos hábitos e assumir uma nova forma de viver.
Pense nisso na próxima vez em que você tiver que tomar uma decisão e ninguém estiver olhando.
Com carinho