A liturgia é um recurso utilizado pelo cristianismo para que as pessoas não se esqueçam de conceitos teológicos importantes. Por exemplo, nos cultos evangélicos costuma haver uma parte dedicada ao arrependimento, onde as pessoas são convidadas a lembrar das próprias faltas, se arrepender e pedir perdão por elas.
O mesmo ocorre na Santa Ceia, onde o pão e o vinho (suco de uva) são usados para simbolizar o corpo e o sangue de Jesus Cristo e, portanto, sua morte na cruz – aliás, esse memorial foi estabelecido pelo próprio Jesus, durante a última ceia com os seus discípulos.
Os atos litúrgicos são extremamente necessários porque as pessoas tendem a ter memória ruim das questões espirituais, pois acabam com sua atenção totalmente desviada para os problemas cotidianos.
Foram estabelecidos, então, alguns períodos do ano que têm um significado litúrgico especial. Há quatro períodos importantes: Quaresma, Semana Santa (Páscoa), Advento e Natal. É claro que há muitas outras datas relevantes no calendário litúrgico, mas acho que essas são as mais importantes.
O Advento corresponde às 4 semanas anteriores ao Natal, período encerrado no último domingo antes dele. Em cada domingo anterior ao Natal, a liturgia manda acender uma vela, que simboliza a esperança da chagada de Jeses ao mundo.
Logo após o Advento vem o período do Natal, que costuma se encerrar no “dia de Reis” (que comemora a visita dos reis magos ao recém nascido), já no começo de janeiro. Esse é um período que todos já conhecem bem.
A Semana Santa vai do Domingo de Ramos até o íncio do Domingo da Ressureição e é um período também bem conhecido. Pontos altos são a entrada de Jesus em Jerusalém (Domingo de Ramos, anterior ao da Ressurreição), a Sexta Feia da Paixão (crucificação de Jesus) e o domingo de Páscoa (ou da Ressurreição).
Agora a igreja cristã tambem entendeu por bem separar os 40 dias anteriores à Semana Santa, como um período dedicado à reflexão, arrependimento e preparação para a data mais importante de cristianismo. Os 40 dias significam o período que Jesus passou se preparando no deserto, jejuando e orando, antes de começar seu ministério.
Ora, a Bíblia nos conta que a Semana Santa se deu no período da Páscoa Judaica, que era a festa onde os judeus comemoravam a saída de Israel do Egito. Essa festa tem uma data móvel, sendo regulada pelas fases da lua, como era comum na época bíblica.
Aí a igreja estabeleceu que os 40 dias – a Quaresma – terminariam no Domingo de Ramos e, portanto, seu início seria calculado a partir daí. E esse início ficou conhecido como Quarta Feira de Cinzas, pois cai sempre nesse dia da semana. Nessa data muitas pessoas, como forma de penitência, usam cinzas para marcar seus rostos, costume que veio do Velho Testamento.
Como a Quaresma é marcada por um período de rigores litúrgicos – oração, pentiência e jejum -, o povo passou a comemorar nos dias anteriores ao ínício dos 40 dias, para se despedir da vida, digamos, boa. E como o jejum envolvia a abstinência de carne, essa festividade anterior à Quaresma, ficou conhecida como a “festa da Carne”, ou Carnaval.
Com o tempo, e especialmente no nosso país, o Carnaval passou a ser mais importante do que as festas que deram origem a ele e pouca gente sabe hoje o que a Quresma significa, exceto pela Quarta Feira de Cinzas.
A Quaresma, portanto, é um período de grande importância, onde precisamos nos preparar para a Semana Santa. É como se fôssemos escalando um monte aos poucos, para chegar no cume, no Domingo de Ramos, dando início à Semana Santa. É um tempo de reflexão e arrependimento, onde precisamos lembrar porque Jesus precisou vir ao mundo para nos salvar – se não houvesse pecado, não haveria necessidade de salvação.
Nessa Quaresma faça algo diferente na sua vida espiritual: use seu tempo para pensar mais na sua vida e no seu relacionamento com Deus.
Com carinho