ENCONTRANDO SENTIDO PARA A VIDA

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Ninguém quer morrer. Mesmo as pessoas que querem ir para o céu, não querem morrer para chegar lá. E mesmo assim, a morte é o destino que todos compartilhamos. Ninguém escapou dela. E isto é o que deveria ser, porque a morte é provavelmente a invenção mais importante da vida. É o agente de mudança: nos livra do velho, para dar espaço ao novo. Hoje o novo pode ser você, mas algum dia, não muito distante, você tornar-se-á o velho a ser descartado. Desculpe ser tão dramático, mas é a verdade. Seu tempo é limitado, então não o desperdice vivendo a vida de outra pessoa. Não se deixe cair na armadilha resultante do pensamento de outras pessoas. Não deixe que o barulho das opiniões dos outros afogue sua própria voz interior, seu coração e sua intuição…  Steve Jobs, fundador da Apple, em 2003, ao saber que tinha câncer no pâncreas

Steve Jobs, o homem que fundou a Apple, concebeu produtos revolucionários (como iPod, iPhone e iPad), morreu alguns anos atrás. Ele era tão importante no mundo dos negócios que o valor da Apple na Bolsa de Valores americana caiu 14 bilhões de dólares quando sua doença foi anunciada.

Em 2003, quando soube que tinha câncer, Jobs, um ateu convicto, teve que encarar a realidade do fim da vida. Foi quando fez a declaração acima. 

O conhecido escritor Irwin Yalom – autor do livro “Quando Niesztche chorou”, dentre outros – ensinou que pensar na própria morte é como olhar diretamente para o sol. Somente se consegue fazer isso por muito pouco tempo. 

A declaração acima foi o momento de Steve Jobs “olhar o sol”. E a referência que fez naqula declaração ao “barulho das opiniões dos outros” foi dirigida aos(às) cristãos(ãs), como ele deixou claro em declarações posteriores.

Quando precisou “olhar o sol”, refletir sobre a própria morte, Jobs tentou ser criativo. Demonstrou conformar-se com a realidade que não tinha poder de mudar e tentou ver o lado positivo disso tudo. 

Chegou a argumentar que a morte é necessária para renovação do mundo, o descarte do velho e o crescimento do novo. Comentou ainda que a morte é um processo justo e equilibrado, afinal todo mundo precisa passar por isso. Portanto, ninguém pode reclamar. 

José Saramago, escritor português que ganhou o prêmio Nobel da Literatura, também ateu, no seu livro “As Intermitências  da Morte” deu suporte à tese de Steve Jobs. Falou que o caos se instalaria se as pessoas deixassem de morrer – haveria cada vez mais velhos e velhas para serem cuidados e isso acabaria por esgotar os recursos da sociedade. No seu livro, comentou que as pessoas mais jovens acabariam por pedir a volta da morte, caso ela tivesse tirado “férias”… 

Essa linha de pensamento – que apelidei de “evangelho” de Steve Jobs – é mais popular do que se pensa. A gente cruza com ela toda hora. 

Tempos atrás, o maior nadador da história do esporte brasileiro, César Cielo, deixou de ser chamado para as Olimpíadas no Rio de Janeiro por ter falhado na prova classificatória – perdeu para nadadores mais jovens. Um dos classificados, do alto da arrogância natural aos jovens, declarou que se tratava de renovação natural e necessária. Em outras palavras, a “morte” esportiva de um grande nadador era uma necessidade – esqueceu-se que isso também valerá para ele, daqui há alguns anos. 

O “evangelho” de Steve Jobs não defende qualquer dogma e nem faz promessas. Sua linha de pensamento é simples: é preciso viver plenamente, fazendo aquilo que se deseja, sem se preocupar com as opiniões dos outros. Para quem pensa assim, o sentido da vida é simplesmente viver da melhor forma possível. O sentido da vida está contido nela própria. 

O problema com tal “evangelho”, que coloca o ser humano no centro de tudo, é ele só funciona quando tudo vai bem. Afinal, ele não gera qualquer esperança e muito menos traz conforto nos momentos difíceis. Tudo que a pessoa pode esperar da vida é o que conseguir realizar durante seus anos na terra. E seu único consolo será ter sido fiel a si mesma (seja lá o que isso queira dizer). 

Imagine chegar para alguém que perdeu tragicamente seu filho e dizer: “ele morreu mas pelo menos foi fiel a si mesmo“. Ou falar para uma filha que perdeu seu pai: “a vantagem é que a sociedade está se renovando com a morte de seu pai“. Absurdo.

Ora, ninguém pode viver sem esperança e ela só pode vir de algo maior do que a própria vida, alguma coisa que venha além do mundo natural. Palavras como as de Steve Jobs são bonitas, mas trata-se de discurso vazio que não leva a lugar nenhum – o próprio Jobs, quando chegou às portas da morte, não encontrou paz com base nessas ideias.   

Não há dúvida que viver sem amarras, sem o controle de um Deus exigente, é muito atrativo. Parece coisa confortável. Mas só funciona enquanto tudo estiver indo bem. Enquanto não for preciso “olhar o sol”. 

O único caminho real é dar o controle da própria vida para Deus. Isso requer muita humildade mas traz o ganho sem preço da perspectiva de uma vida além deste mundo material. 

O Apóstolo Paulo (1 Coríntios capítulo 13, versículo 13) ensinou que a fé em Cristo é o que dá realmente sentido à vida humana. N´Ele reside a esperança de termos algo muito melhor. E é também n´Ele que poderemos encontrar consolo nos momentos de aflição – não podemos esquecer que Jesus entende nossas dificuldades pois também sofreu quando esteve neste mundo. 

Pena que Steve Jobs, apesar da sua inteligência e brilhantismo, nunca tenha conseguido aceitar isso. Talvez tenha sido justamente suas qualidades que o tenham impedido de ter a humildade necessária para se curvar a Deus. Simples assim.

Com carinho

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