E QUANDO ACUSAM OS CRISTÃOS DE INTOLERANTES?

0
789751

Com frequência vejo, ou leio na mídia, ou ainda escuto em conversas com pessoas não cristãs, que o cristianismo é intolerante. Essa é uma ideia muito difundida na nossa sociedade.

O cristianismo é acusado desse erro por duas razões. Primeiro, por causa das atitudes absurdas de algumas pessoas, que agridem outras através de palavras, ou até fisicamente, com a desculpa de estarem “defendendo” a fé cristã ou “enfrentando” Satanás.

Há sim, sem dúvida, pessoas intolerantes no meio cristão, como o pastor que chutou a imagem da santa católica, num programa de televisão, ou os grupos de fanáticos que invadem e destroem terreiros de candomblé ou umbanda. São pessoas mal discipuladas e que não seguem a fé que dizem defender, pois a doutrina cristã não manda ninguém fazer isso (Jesus disse para amarmos até os inimigos).

Quem faz isso é a exceção, e não a regra, dentro do cristianismo, felizmente. A esmagadora maioria dos(as) cristãos(ãs) comporta-se de forma diferente. A acusação de intolerância é válida sim, mas apenas quando dirigida a uma minoria e nunca quando rotula o cristianismo como um todo.

A segunda razão usada por quem acusa o cristianismo de intolerância é a doutrina cristã, especialmente no fato que ela estabelece ser Jesus Cristo o único caminho para se chegar até Deus. Essa exclusividade de Jesus, de acordo com a doutrina cristã, incomoda muita gente e é considerada intolerante.

Antes de dizer qualquer outra coisa, vamos lembrar aqui a definição de “tolerância”. Segundo o dicionário, trata-se da “atitude de quem reconhece aos outros o direito de manifestar opiniões ou ter condutas diferentes das suas”.

Repare que essa definição pressupõe a existência de opiniões e comportamentos divergentes. Caso todo mundo pensasse ou agisse igual, não seria necessário exercer tolerância. Simples assim.

Portanto, não é intolerante o cristianismo defender uma determinada doutrina, mesmo quando outras pessoas discordam dela. A tolerância é justamente a capacidade de conviver respeitosamente com as diferenças. 

Mas, acredito que a declaração que “Jesus é o único caminho” incomoda porque muita gente defende a tese que cada pessoa tem sua verdade, ou seja, não há verdades absolutas e tudo é relativo. E a verdade de cada pessoa precisa ser respeitada e uma declaração desse tipo parece desrespeitosa. Assim, tudo é relativo e defender uma verdade absoluta seria intolerante.  

A afirmação “tudo é relativo” pode ser muito simpática e politicamente correta, mas ela é  falsa. E não é desrespeitoso apontar que alguma coisa não é verdade, mesmo que a declaração falsa seja simpática.

Por que a  declaração “tudo é relativo” é falsa? Simples: essa declaração é apresentada como uma verdade absoluta, mas, de forma paradoxal, afirma que tal tipo de verdade não existe. Há aí uma armadilha lógica, pois para defender que não há existem verdades absolutas é preciso recorrer a uma verdade absoluta. Coisa absurda.

Há sim verdades absolutas e é fácil mostrar isso. Imagine que um médico diga para uma pessoa que acredite ser tudo relativo, que ela está com uma grave infecção e precisa tomar antibiótico. Será que essa pessoa responderia: “Doutor, você tem sua verdade e eu a minha – não vou tomar nenhum remédio“. Não faz qualquer sentido.

Portanto, não ha intolerância no fato de se acreditar e defender uma verdade absoluta. Quem não é cristão(ã) pode até achar que a afirmação “Jesus é o único caminho” não é verdadeira. Mas, essa é outra discussão e nada tem a ver com intolerância. 

Há quem também justifique a acusação de intolerância, feita ao cristianismo, afirmando que “muitos caminhos podem levar até Deus“. Essa é outra declaração simpática e politicamente correta, mas também falsa.

Não é possível que muitos caminhos levem a Deus, simplesmente porque os caminhos que são apresentados por aí, se contradizem. Por exemplo, Deus não pode, ao mesmo tempo, ser único, como defende o cristianismo, e vários, como ensina o hinduísmo. Ou a reencarnação existe, como ensina o espiritismo, ou não existe, como defende o cristianismo, logo as duas religiões não podem ambas estar certas. Jesus não pode ser, ao mesmo tempo, o Filho de Deus, como defendem os cristãos, e um simples profeta, como afirmam os muçulmanos, logo ambas as doutrinas não podem estar certas.  

Como esses caminhos não são compatíveis entre si, não há como fugir da conclusão que há gente certa e gente errada naquilo que acredita. Não adianta tentar agradar todo mundo – essa é uma realidade da qual não se pode fugir.

Repare que eu não provei nesta postagem ser a doutrina cristã certa – embora acredite nessa realidade. Há outras postagens aqui no site onde falo nisso. Mostrei apenas que o pluralismo religioso é uma noção errada e perigosa e, portanto, defender que há um caminho certo não é intolerância e sim uma realidade da vida.

Cerca de 100 anos atrás, o médico Oswaldo Cruz enfrentou uma guerra porque propôs vacinar a população contra a febre amarela. Ele foi ridicularizado e sofreu toda sorte de pressões, mas sabia estar do lado da verdade. Ficou firme e a vacinação salvou a vida de milhares de pessoas. Imagine se Oswaldo Cruz tivesse decidido ficar calado, com medo das consequências?

Se você acredita que Jesus é o único caminho para Deus, não se cale e nem se preocupe se for acusado(a), injustamente, de intolerante. Lembre-se que seu silêncio pode custar a salvação de alguém. 

Com carinho

Total Views: 2354 ,