CUIDADO! HÁ PODER EM SUAS PALAVRAS

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Suas palavras têm poder. Nunca se esqueça disso. E isso não sou eu quem digo: é um ensinamento da própria Bíblia.

Conheci um homem que viveu em permanente conflito com seu filho mais velho por muitos anos. Esse homem era muito rígido e bastante autoritário por causa da sua formação militar. E não aceitava que o filho fosse diferente do padrão que ele tinha idealizado. Daí o conflito.

E sempre que podia, ele demonstrava seu desagrado com o filho, chamando o rapaz, quando menino e adolescente, de burro e outras coisas ruins e afirmando que o filho nunca seria mais do que um simples carroceiro. 

É claro que o rapaz teve enormes dificuldades ao longo da sua vida estudantil e depois profissional, que somente foram superadas à custa de muita terapia, oração e sofrimento. E algumas marcas feitas pelo pai nunca foram apagadas. Penso que é um milagre que esse filho não tenha se perdido ao longo da vida. 

Infelizmente, esse tipo de situação é muito mais comum do que se pensa.  Já presenciei esse tipo de coisa várias vezes, em alguns casos de forma mais sutil, mas sempre com efeitos devastadores. E o estrago causado não decorre somente da carga emocional lançada sobre pelo pai ou mãe sobre o filho ou filha atacado. Há mais, muito mais, pois também existe uma questão espiritual nesse tipo de situação.

Ocorre que pai e mão têm autoridade espiritual sobre filhos/as, tanto para abençoá-los/as, como para amaldiçoá-los/as. Vemos isso com clareza na Bíblia. E quando essa autoridade espiritual existe, profetizar coisas ruins na vida de quem é dependente espiritualmente pode trazer maldição.

E o problema não está restrito ao pai e/ou a mãe com relação a filhos/as. Qualquer pessoa que tenha alguma autoridade espiritual sobre outra – como os maridos sobre suas esposas (e vice–versa) e pastores/as sobre membros do seu rebanho – pode cometer o mesmo tipo de erro. Por isso é preciso ter muito cuidado com o que se fala, especialmente nos momentos de raiva e amargura.

Um exemplo da Bíblia que é chocante
Esse exemplo aconteceu com Jacó. Raquel era a mulher amada por ele , dentre as quatro que teve. Ela morreu muito jovem, no parto de Benjamim, seu segundo filho e o caçula de Jacó. E a raiz dessa desgraça, segundo o relato bíblico, pode estar numa maldição que Jacó sem perceber lançou sobre a esposa.

O problema começou quando Raquel roubou os ídolos domésticos do seu pai, Labão, como vingança pelo fato do pai ter dado preferência a Lia, sua irmã mais velha, para se casar com Jacó (Gênesis, capítulo 31).

Em dado momento, Jacó decidiu voltar para a Terra Prometida, pois até então tinha morado nas terras do sogro. E resolveu levar sua família (duas esposas, filhos/as e servos) e seus rebanhos. E antes de partir, Raquel roubou o pai. Quando Labão percebeu que tinha sido roubado, perseguiu os viajantes e confrontou Jacó.

Sem saber o que tinha acontecido, Jacó mostrou-se muito ofendido e fez um juramento: que deveria ser morta a pessoa da sua família que eventualmente tivesse cometido o roubo (Gênesis capítulo 31, versículo 32). Mas nada foi encontrado por Labão, pois Raquel escondeu muito bem as imagens roubadas. Repare que Raquel não ficou sabendo do juramento de Jacó, pois estava na sua tenda com o primeiro filho (José), quando o marido falou sobre isso.

E o juramento de Jacó teve consequências catastróficas para Raquel. Ao chegaram a Betel, Jacó mandou que os membros da sua família se livrassem de todos os objetos ligados a cultos estranhos e se purificassem antes de encontrar Deus (Gênesis capítulo  35, versículo 32). A Bíblia não detalha, mas certamente foi aí que Raquel mostrou a Jacó o que havia roubado e ele ficou sabendo que, sem perceber, amaldiçoara a própria mulher. Logo após, ela deu a luz e morreu, embora o filho, Benjamim tenha sobrevivido (Gênesis capítulo 35, versículos 18 e 19).

Todo esse drama ajuda a explicar porque, cerca de 15 anos depois, Jacó ficou tão devastado com a suposta morte de José, no episodio em que os irmãos o venderam como escravo (Gênesis capítulo 37, versículo 34).  Ele deve ter pensado que a maldição tinha chegado ao próprio filho de Raquel. Explica, também, porque ele relutou tanto em deixar que Benjamim fosse com os outros irmãos para o Egito, buscar comida e encontrar José (que já era o segundo homem em importância naquele país). Jacó temia que a maldição viesse a atingir também a Benjamim.

A culpa certamente acompanhou Jacó por todo o resto da sua vida. Tanto assim que, no seu leito de morte, quando Jacó abençoou os filhos de José, ele lembrou da trágica morte de Raquel (Gênesis capítulo 48, versículo 7).

Palavras finais
Há poder nas palavras que falamos, mesmo nos momentos de raiva e de forma impensada. Especialmente quando essas palavras são dirigidas contra alguém sobre quem temos autoridade espiritual, como filhos/as, esposo/a, etc.

É preciso ter muito cuidado com o que falamos. Tenha isso sempre em mente. Há poder em suas palavras.

Com carinho

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