Para tudo há um tempo, para cada coisa há um momento debaixo dos céus: tempo para nascer, e tempo para morrer; tempo para plantar, e tempo para arrancar o que foi plantado;… tempo para demolir, e tempo para construir; tempo para chorar, e tempo para rir;… tempo para dar abraços, e tempo para apartar-se… tempo para calar, e tempo para falar; tempo para amar, e tempo para odiar; tempo para a guerra, e tempo para a paz. Eclesiastes capítulo 3 versículos 1 a 8
Dois anos antes da morte do meu pai, eu o encontrei lendo um livro intitulado “Como morremos”. O tema do livro me pareceu muito pessimista e falei isso para ele. Aí meu pai me deu uma resposta inesquecível: “Filho, se eu não pensar nisso agora, com 82 anos de idade, quando será a hora de fazer isso?”
Meu pai tinha toda razão: há um tempo certo para tudo na vida, até para pensar na morte. A Bíblia traz esse ensinamento no livro do Eclesiastes, no trecho que citei no início dessa postagem. Há tempo na vida para trabalhar e para descansar, para plantar e para colher os frutos do que se plantou, para ficar alegre e para se entristecer, e assim por diante.
Na verdade, a vida do ser humano é composta por uma sucessão de ciclos, sendo que cada um deles pode envolver coisas boas e ruins, coisas que trazem alegria e tristeza.
Por exemplo, é fácil perceber o ciclo da vida econômica das pessoas. Quando crianças e adolescentes, elas são sustentadas (geralmente por sues pais) e assim podem ter tempo para crescer e obter os conhecimentos que serão necessários na sua futura vida profissional.
Mais adiante, começam a trabalhar e passam a se sustentar. Um pouco mais adiante passarão a sustentar outras pessoas, como os pais (já velhos) ou os próprios filhos/as. Durante sua fase produtiva, as pessoas pagam impostos e ajudam a sustentar as políticas públicas e também quem já se aposentou. Quando chegam na fase final do seu ciclo econômico, as pessoas vão perdendo as forças e chega a hora delas mesmas se aposentarem e aí a sociedade passa a lhes devolver um pouco do que fizeram ao longo das suas vidas. E pode ser até que precisem de ajuda econômica de outras pessoas (como filhos/as), caso não tenham conseguido poupar o suficiente.
Há quem tenha dificuldade em aceitar esses ciclos naturais da vida. Lembro que certa vez uma amiga me disse o seguinte: “minha vida está tão boa, que fico com medo de que as coisas mudem para pior.” Ela sabia que os ciclos se sucedem, mas como as coisas estavam muito boas para ela, temia que a situação só pudesse mudar para pior, nunca para melhor. Por isso essa amiga queria “congelar” o tempo.
Mas isso não é possível. Os ciclos da vida vão se suceder, como a Bíblia ensina, e não há nada que possa ser feito para mudar. Há um ditado muito famoso que procura descrever essa situação: “não há bem que sempre dure ou mal que não se acabe“. De uma forma ou de outra, como reconhece o ditado, tudo acaba passando, tanto as coisas boas quanto as ruins. A vida sempre entre num outro ciclo.
Agora, quando as pessoas se recusam a aceitar as mudanças inevitáveis da vida, acabam por gerar problemas para si mesmas. Entram em “guerras” que não podem ser vencidas. Um bom exemplo disso é a questão do envelhecimento.
Acho que as pessoas precisam ter alguma vaidade e procurar envelhecer de forma adequada – por exemplo, há gente que não envelhece, “desmorona”, e isso é muito ruim. Mas, por mais que as pessoas lutem, os efeitos da idade vão se fazer sentir, cedo ou tarde. E é preciso aceitar isso.
É preciso aprender a conviver com as perdas que a vida traz: da beleza, do vigor físico, da importância na sociedade, etc. Revoltar-se com esse estado de coisas não adianta nada – somente gera sofrimento inútil. E lembro aqui das pessoas deformadas por plásticas excessivas, buscando rejuvenescer, ou idosos/as se vestindo e comportando como adolescentes, tornando-se ridículos/as aos olhos da sociedade.
Os ensinamentos da Bíblia
Há três ensinamentos bíblicos sobre os ciclos da vida. O primeiro, conforme já comentei acima, é que eles são inevitáveis e é preciso aprender a conviver com eles. Pessoas nascem, crescem, amadurecem, envelhecem e morrem. Assim é com toda a humanidade e é preciso aceitar essa realidade. Simples assim.
O segundo ensinamento é a necessidade de valorizar os momentos bons e as realizações obtidas:
Descobri que não há nada melhor para o homem do que ser feliz e praticar o bem enquanto vive. Descobri também que poder comer, beber e ser recompensado pelo seu trabalho, é um presente de Deus. Eclesiastes capítulo 3, versículos 12 e 13.