AS DIFERENÇAS ENTRE OS QUATRO EVANGELHOS

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Há quatro relatos na Bíblia sobre a vida e o ministério de Jesus: Mateus, Marcos, Lucas e João. Esses relatos são chamados de Evangelhos, palavra que quer dizer Boas Novas.

Há diferenças entre esses quatro relatos e isso acaba sendo tratado por aqueles que querem criticar a Bíblia como se fossem erros. Mas se analisarmos essa questão com cuidado, veremos que não é nada disso.

Os Evangelhos como trabalho de reportagem

Vamos imaginar que um jornal deseja fazer uma reportagem sobre os bastidores de uma campanha eleitoral para Presidente da República. E para ter certeza que a reportagem final conterá todas as informações relevantes, escala quatro repórteres diferentes para fazerem relatos independentes entre si.

Os quatro repórteres – pessoas sérias, dedicadas e competentes – são pessoas com formação profissional muito diferente, garantindo que o “olhar” de cada um sobre os fatos seja bem individual.

De forma proposital, dois desses repórteres vão acompanhar pessoalmente os acontecimentos, enquanto os outros dois limitar-se-ão a entrevistar pessoas que venham a ser testemunhas oculares dos fatos relatados.

Ao final da campanha, os quatro repórteres vão entregar seus trabalhos para o editor do jornal, sem nunca terem tido contato entre si. Você acha que os relatos entregues ao jornal serão iguais? É claro que não. E se fossem iguais, seria o caso de imaginar uma fraude.

Na verdade, os relatos vão se completar e apresentar pontos de vista diferentes sobre uma mesma realidade, fazendo com que o conjunto dos quatro relatos contenha um conjunto de informações muito mais completo e rico.

E não será justo afirmar, depois que a reportagem estiver pronta, que qualquer dos repórteres mentiu, a partir da constatação que os relatos individuais serão diferentes.

E foi exatamente isso que aconteceu com os Evangelhos: os quatro relatos foram produzidos porque o “editor do jornal” (o Espírito Santo) queria que o Novo Testamento contivesse um relato diversificado daquilo que aconteceu com Jesus. E Mateus, Marcos, Lucas e João cumpriram fielmente a “encomenda” recebida.

A importância dos detalhes comuns

Há ainda um aspecto muito importante a comentar: como os repórteres da Campanha Presidencial terão espaço limitado para seu relato, precisarão escolher o que incluir e o que deixar de fora. Certamente vão incluir aquilo que lhes parecer ser mais importante, essencial mesmo (os fatos fundamentais, quem ganhou, quem perdeu e assim por diante). Assim, os quatro relatos vão muitas vezes falar de coisas diferentes.

E assim aconteceu com os quatro Evangelhos: somente Mateus e Lucas relataram o nascimento e alguma coisa da infância de Jesus. Somente Mateus e Lucas falaram sobre o Sermão onde Ele citou as “bem aventuranças”. Somente esses dois Evangelhos registram as palavras da oração do “Pai Nosso”. Somente João relatou a oração que Jesus fez pouco antes de ser preso. E assim por diante.

Agora, os fatos que todos os quatro repórteres do jornal escolherem relatar sem dúvida serão aqueles de maior importância. E o mesmo aconteceu com os “repórteres” bíblicos: onde os relatos dos quatro evangelistas abrangem as mesmas coisas é porque os fatos relatados são cruciais.

E quais fatos são esses? Alguns são bem fáceis de identificar, como a crucificação, a morte e a ressurreição de Jesus. Mas outros provavelmente vão surpreender você, comprovando que nem sempre olhamos para a Bíblia como deveríamos. Veja a seguir a lista dos demais pontos relatados pelos quatro evangelistas:

  • O batismo de Jesus por João Batista (veja mais). Isso comprova que João foi uma figura de grande importância na história de Jesus, embora hoje seja pouco lembrado.
  • A última refeição com os discípulos, quando Jesus instituiu o sacramento da Santa Ceia.
  • O milagre da multiplicação dos pães, quando Jesus alimentou uma multidão faminta. Esse milagre é uma metáfora para o sacramento da ceia – os(as) cristãos(ãs) passaram a ser “alimentados(as)” espiritualmente pelo corpo e o sangue de Jesus.
  • O aviso a Pedro que ele iria negar Jesus, que serve de alerta para nós: devemos sempre estar atentos contra as ciladas de Satanás e jamais confiar apenas nos nossos próprios recursos.
  • As primeiras pessoas que viram Jesus depois da ressurreição foram mulheres – esse registro deve ser entendido como uma homenagem àquelas que foram suas mais fiéis seguidoras.

Com carinho

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