Estigma é uma marca de natureza moral que a pessoa carrega, marca essa normalmente imposta pela sociedade, muitas vezes por conta de algo que a própria pessoa tenha feito.
Isso costuma causar muito sofrimento – conheço inúmeros casos que comprovam isso. Por exemplo, lembro bem do caso de uma moça que tem temperamento sanguíneo. Por causa disso, ela reage muito rapidamente e de forma forte às provocações, críticas ou desafios trazidos pelo dia-a-dia. Essa forma de reagir é da natureza dela. Mas ela também é extremamente amorosa, dedicada e tem a enorme qualidade de não guardar ressentimentos.
Durante sua juventude, como é natural, esse temperamento explosivo foi mais acentuado, afinal tudo nos jovens é mais intenso. Com a maturidade e depois de muito esforço pessoal, ela aprendeu a se controlar melhor. Mas ficou estigmatizada dentro da sua própria família como “criadora de caso”. Ainda hoje, toda vez que ela reage com maior intensidade por qualquer motivo e mesmo quando tem toda razão, de imediato vem o comentário que ela é encrenqueira.
E mesmo a evolução que ela conseguiu ter não lhe foi creditada: a família acha que o mérito é do marido, com quem ela se casou cerca de quinze anos atrás. Para a família, a boa “influência” dele foi que resolveu tudo.
Veja aí o estigma: uma reação mias forte sempre é responsabilidade da moça, mesmo quando ela tem razão, enquanto o aumento do autocontrole que ela conseguiu ter é creditado na “conta” do marido.
Pessoas estigmatizadas sempre têm dificuldade de se livrar da marca negativa que receberam. Assim, a artista de televisão que começou a vida fazendo o papel de “gostosa”, vai ser sempre classificada nessa categoria, não importa que depois passe a desempenhar papéis mais sérios. Do palhaço que virou deputado federal, todos esperam palhaçadas, embora as verdadeiras “palhaçadas” sejam feitas por pessoas com diploma e “colarinho branco engomado”. Já no meio cristão, por exemplo, a pessoa que teve seu pecado sexual exposto nunca mais vai recuperar o respeito – será sempre olhada de “esguelha”.
Essa é uma triste realidade que faz com que a autoestima das pessoas estigmatizadas fique muito reduzida. Elas se sentem inseguras, injustiçadas e infelizes.
Jesus foi estigmatizado
Agora, se você é estigmatizado/a por algum motivo, não desanime. Vários personagens da Bíblia precisaram enfrentar esse tipo de situação e conseguiram vencer seus estigmas. E você pode aprender com o exemplo deles.
O caso mais impressionante é o do próprio Jesus. Afinal, Maria, sua mãe, apareceu grávida de forma misteriosa e isso gerou uma sombra permanente sobre a origem de Jesus. Seria Ele um filho bastardo? Quem foi seu pai de sangue? E nunca podemos esquecer que esse tipo de questão entre os judeus era muito séria. Para esse povo, a pureza do sangue era inegociável (o que continua a ser verdade até os dias de hoje).
O estigma de Jesus fica aparente no texto bíblico, por exemplo, quando Ele é chamado de “filho de Maria”. Ora, naquela época, as pessoas sempre eram identificadas pela linhagem paterna. Referir-se a uma pessoa pela linhagem da sua mãe somente fazia sentido quando havia dúvida quanto à paternidade da pessoa.
Jesus carregou essa carga terrível por toda a vida, sem dúvida com grande sofrimento pessoal. Mas não deixou que isso atrapalhasse seu ministério.
Paulo também foi estigmatizado
Paulo também passou por sua cota de sofrimento. Antes de se converter, ele perseguiu os cristãos por considerá-los hereges. Mais adiante, já convertido ao cristianismo, Paulo começou suas viagens missionárias e abraçou a missão de trazer o Evangelho para os não judeus. E passou a ser considerado o “Apóstolo para os gentios”.
Ocorre que a autoridade de “apóstolo” estava reservada, em princípio, para os 12 homens escolhidos por Jesus no início do seu ministério, como Pedro e João. A razão é que esses homens teriam recebido os ensinamentos espirituais diretamente do próprio Jesus.
E Paulo não andou com Jesus, pois se converteu depois da morte e ressurreição d´Ele. Aí, quando Paulo começou a se apresentar como apóstolo, houve reação e muitos entenderam que ele tinha usurpado essa autoridade.
O estigma de usurpador acompanhou Paulo ao longo de todo o seu ministério e, não foi por acaso que várias das suas cartas dedicam espaço à defesa da sua autoridade apostólica, coisa que Pedro e João, por exemplo, nunca precisaram fazer.
Palavras finais
Se você sofre com algum estigma, entenda que não importa muito o que as pessoas pensem e/ou falem sobre você. Para Deus, toda pessoa é importante. E você tem valor, tanto valor, para Deus que Ele enviou seu Filho para morrer no seu lugar.
Deus nunca vai olhar para você levando em conta os eventuais estigmas que a sociedade impôs a você. Para Deus, você sempre será um/a filho/a querido/a. E nada, nada mesmo, poderá separar você do amor d´Ele (veja mais).
Com carinho
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