O Brasil assistiu chocado, no último fim de semana às cenas de destruição do Museu da Quinta da Boa Vista no Rio de Janeiro. Foi talvez o maior desastre já ocorrido no plano científico no Brasil. Muitos milhões de itens científicos importantes foram devorados pelas chamas. Isso sem contar o prejuízo para o prédio histórico, pois a Quinta da Boa Vista foi, durante anos, o palácio habitado pelos imperadores do Brasil.
Não vamos nos iludir: uma grande parte da perda que a comunidade científica brasileira sofreu é irreparável e serão necessários muitos anos para conseguir repor, pelo menos parcialmente, aquilo que foi perdido. Sinceramente, dá até vontade de chorar.
A busca pelos culpados
Apagado o fogo, chegou a hora de calcular o prejuízo e ver o custo de recuperar o patrimônio afetado, que será bem alto. E inevitavelmente, chegou também o momento de buscar culpados/as. E como estamos num momento eleitoral, o que temos assistido nas redes sociais e na grande mídia é um jogo hipócrita, onde cada um/a fica empurrando a “batata quente” para o/a outro/a.
O Governo Federal é cobrado por conta dos cortes de verbas. E se defende, dizendo que existiram verbas suficientes e a culpa é da direção da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), a quem o Museu está vinculado. Segundo o Governo Federal, a UFRJ teria escolhido as prioridades erradas. Já a direção da UFRJ acusa de volta o Governo Federal. E a grande mídia acusa um ou os dois pelo desastre. As manifestações nas mídias sociais, então, beiram as raias da insanidade, sendo ditas as coisas mais absurdas.
Esse jogo de empurra da culpa é a coisa mais antiga do mundo. No relato da queda de Adão e Eva, a Bíblia conta que a mulher colheu o fruto proibido, comeu-o e o deu para o homem também comer. O ato foi cometido primeiro por Eva, mas Adão assistiu tudo calado e nada fez para evitar o erro – ele foi conivente e depois participante ativo.
E é interessante observar que, quando Deus chama os dois à responsabilidade, o casal colocou a culpa um no outro e também na serpente (Satanás), conforme relata Gênesis capítulo 3, versículos 11 a 13:
E Deus perguntou [a Adão]: “Quem lhe disse que você estava nu? Você comeu do fruto da árvore da qual lhe proibi comer?” Disse o homem: “Foi a mulher que me deste por companheira que me deu do fruto da árvore, e eu comi”. O Senhor Deus perguntou então à mulher: “Que foi que você fez? ” Respondeu a mulher: “A serpente me enganou, e eu comi”.
Naturalmente, Deus não se deixou influenciar e puniu ambos, pois os dois tinham sua parcela de responsabilidade no corrido. Ambos foram expulsos do Jardim do Éden e tiveram suas vidas profundamente afetadas pelo que fizeram.